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domingo, 27 de junho de 2021

de Patrícia Soares


Não basta o ir e vir


Sou livre.

Não pelo ir e vir. Não basta o ir e vir.

Sou livre pelo sentir.

Sinto o sol no meu corpo quando quero.

Sinto sabores quando decido.

Sinto a dor onde me convém.

Sinto a tentativa, em vão, de não sentir.

Corro. Ando. Não riu. Não vejo. Digo não. Bebo. Me marco. Entorpeço. Te Como. Não como. 

Me fecho.

Sou livre. 



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

de Sabrina Telles

Fevereiro
(para tocar depois do carnaval)

volto para escrever por escrever,
pra lembrar de pertencer,
por querer o querer,
por não saber não ser,
por vir a nascer...
: de novo,
estamos jogando palavras como tinta em tela:
encharcando pincel e atirando na parede vazia,
querendo que se crie,
em sinestesia,
concretudes em levezas,
qualquer rastro com beleza,
para que nos salve da vida,
de novo.

(sempre há histórias em paredes,
mesmo as que contam timidamente sobre tijolos, areia, água, cimento...
houve vida e ainda...)
de novo, 
não tenho tema, não tem nem poema, 
nem sombreados, nem aquarelados,
só uns rascunhados
que não sabem onde chegar,
quais signos usar,
não sei qual face é arte,
qual arte é parte,
quem é que sabe?,
qual cedo é tarde,
e nem sei mais é voltar.

(sempre há espaço para as desajeitadas,
as que se constroem sem muitos moldes, 
sejam palavras, sentimentos, cores, pessoas...)
de novo, 
a rua não basta,
o sono não basta,
nem as luzes, as vozes, nem as lágrimas,
nem vestígios de risadas,
e, em colo e olhos, palavras,
molhados, se mostram
em tentativas
rasgadas.

(sempre há desejo pelo desejo maior que o antes,
aquele que não consegue, mas se quer ser, 
como se tempo fosse linear e a gente pudesse tanto...)
de novo, 
eu deixo ser
enfrentando contradições, eu deixo ser,
cancelando condições, eu deixo ser,
modelando razões, eu deixo ser,
e ser, e ser, e ser, e ser...
em quantas realidades forem necessárias.

(sempre há a alegria de ter partes de umas nas outras,
em infinitas combinações, palavras se desenham entre parênteses,
como nós...)
de novo,
dessa vez, não foi como sempre,
foi como se pudesse nos mostrar que antes não bastava
que havia mais verdade, mais alcance, que há querer além disso, apesar disso,
de novo, 
dessa vez, não foi como ontem,
parecia ser vários amanhãs.
e será:
um outro amanhã,
ainda que só lembre depois
ainda que só sinta depois
ainda que só veja depois
de novo.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

de Sabrina Telles
Quando, em pé, por entre vias
Escrevo na tentativa desesperada de que estas palavras,
quaisquer que venham,
façam qualquer sentido
após serem expulsadas de mim.
Desculpem-se pelos transtornos, estamos trabalhando para melhorar as chegadas.

Chego, dessa vez, para deixar que os dedos soltos construam,
com os ensinamentos deixados pelas superfícies nas quais deslizaram
- e os deslizes permanecem na memória latejante das suas pontas -,
algum passo, algum compasso
que não seja descartável
que seja mais que só aceitável,
que movimente cabelos e tecidos,
que distraia dores com sorrisos,
que ressoe, em cordas e couro, o nosso ritmo
pra "fazer com que fique bom, outra vez, o nosso cantar",
dissolvendo contrários dizeres,
isentando os nossos quereres,
ecoando o melhor que há no sim
Enfim.
Desculpem-se pelos transtornos, estamos trabalhando para melhorar as cadências.

A beleza quase que irretocável dos re.encontros
faz com que os instantes cotidianos
sejam todos eles re.colhidos
e guardados,
com um cuidado sincero
vindo do excesso de afeto que sente por eles
e por cada elemento que os envolve:
cada cor, luz, ideia, cada textura:
eles não são frágeis, nem fugidios,
Pois chegam como quem vai se demorar um cado,
E chegam todos com algo de cura,
anunciando para os que deles destoam
que eles já podem ir,
- que já deveriam ter ido -,
cada vez mais, com mais silêncio,
cada vez mais, com menos dor.
E, com constrangimento
de árvore quando descobre que nem todos os seus frutos servem mais,
por entre folhas, eles vão se despedindo.
Desculpem-se pelos transtornos, estamos trabalhando para melhorar as partidas.

Os gostos se apresentam como eles sempre quiseram ser
e nem sabiam como, nem o quanto,
depositando a crença de que meu paladar não se iluda.
E, se for assim,
quero o gosto real da ilusão,
- e do dendê, da cana, 
do boldo, do cravo, dos chocolates, da canela e do café -
como se não trouxesse perda, só vontades,
como se não fosse engano, e sim tentação,
como se viesse apenas dos desejos e da intuição.
Quero estar inteira,
Alerta.
Desculpem-se pelos transtornos, estamos trabalhando para melhorar os avisos.

Quero que os dias se adiantem para que se re.modele outra coisa
- de novo,
(quero viver esse resultado,
quase fingindo que há resultado,
quase desconsiderando que sei que é sempre processo,
que é sempre cíclico)
com a mesma vontade como quero que o Tempo se arraste
para dar tempo
de arrastar o Tempo
para que você não precise ter ido.


Quero ter o Tempo em minhas mãos
para que eu possa repousá-lo nas suas mãos
como quem carrega um encanto,
como quem entrega um sagrado,
para então cuidar dele: abraçar ele, dançar com ele, deitar com ele, re.virar ele, re.montar ele,
re.encaixar ele, sem pressa, em cada vida em nossos dias.
Desculpem-se pelos transtornos, estamos trabalhando para melhorar os sentidos,
Para saber quais sentidos.
Para resgatar os motivos
- e as origens -,
Para re.Gullar os modos

- e os instrumentos -,
Para re.lembrar dos caminhos.
Para re.criar os caminhos.
Para abrir caminhos.

Desculpem-se pelos transtornos,
Estamos trabalhando.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

de Sabrina Telles


Sobre essências 
(De setembro de 2018 a fevereiro de 2019)

Não sei se já nomearam alguma vez e muito menos como o fizeram...
Cada vento que passa deixa se escapar em perfumes trazendo consigo segundos de suas pessoas, de seus espaços, de suas cores. Uma condição de memória incontrolável que me acompanha desde que recolho essa percepção olfativa, que cria todo um universo de possibilidades de sentir o passado, dando fuga a momentos que eu nem sabia que guardava tão bem, se tornando o elemento que traz mais vultos de nostalgia ao cotidiano, chega beira o absurdo.
E, em tempos como estes, nostalgia é coisa que não me abandona. 
Nostalgia é coisa que não abandona essas terras 
em tempos como estes.

Penso novamente nas tentativas de entender tempo e espaço que vão se dissolvendo com o decorrer do tempo e o trânsito entre espaços. Penso em como se desenhou essa história de que várias histórias nossas têm se repetido sem reciclagem, como se já não fôssemos outras,
como se não tivéssemos tentado evitar resgates.
"Será que vamos ter de responder pelos erros a mais, eu e você?"


Eu trago hoje coisas que sempre escaparam das minhas mãos...
"O que será que me dá? Que brota à flor da pele, será que me dá?"
Não sei se saberia tê-las de volta, deixá-las palpáveis, não sei traduzi-las. Da mesma forma também assim o somos: interno e externo são impossíveis de abarcar, de abraçar; temos o infinito em nós, assim como o tem os céus. E nele eu me apego para que o que construímos não nos venha com a obrigação do eterno; que não nos pegue pela vaidade de sermos tudo até que não sejamos nada; para que as pessoas que cheguem frágil se vão, deixando apenas vestígios; para que o que fique não nos limite, não nos conduza aos mesmos ciclos; para que tenhamos nós, para que sejamos nós; 
para que o silêncio seja escolha, seja retiro, não seja a única forma.
"Na tudu pásu ki bu da, m-sta lapidu na bo".

Penso em como,
quando chega,
sua presença recompõe minha presença parecendo que ela é de peças que estavam apenas postas em lugares distintos e que,
agora,
desse jeito que arruma,
fizesse mais sentido estar

na sala onde está 
e no mundo.
"A tua presença desintegra e atualiza a minha presença".
E assim fico: revisitada, remontada, reescrita.
E assim fica tudo que vejo: revisitado, remontado, reescrito.



(O mundo que escuto desde as janelas possui sua própria alegria triste que tem aquilo que apenas desvia do erro, 
que não é livre mas pode ser conduzido:
como um maquinista que deve saber parar quando outros o cruzam, 
mas que não pode sair dos trilhos.
Conheço ele pelo cheiro.)

terça-feira, 8 de maio de 2018

de Sabrina Telles

Canela

Consegue com os silêncios o caos que não conhecia, que não sabia que tinha em si. 
Pés, mãos, joelhos não acompanham e criam um descompasso entre corpo e pensamento, que se mistura com indecisões, impossíveis, vazios. Tenta preencher. Mas preenche com o que não é, 
Com o que nem sabe ser.


Sonhos se vão pelos dedos sem pressa, deixando rastros difíceis de limpar. 
Quando assopra, em uma tentativa inútil de afastá-los, formam uma nuvem espessa que atinge vias aéreas, poros, cílios; cujo pó vai se alojando lentamente, sem pudor. O mundo está aí, nessa nuvem: o sentimento do mundo, Ao mesmo espaço, é doce e amargo, sólido e ar, e se organiza desenhando caminhos. Mas não sabe seguir; não enxerga, ao menos, se deve por ele se guiar ou permanecer platonizando 
(para que nunca se vaya de mí, para que nunca amanezca).

Tentam convencê-la de que ultrapassar é esvair, é entregar nobreza ao acaso, é perder o sagrado, o conhecido. 
Mas não vê esse perigo e permanece (em movimento). 
Continuar se prendendo traz qualquer noção que a liberta.

Os contínuos sopros ampliam a nuvem castanha. 
Todas as possibilidades de ser se fazem em infinitas cenas que não se cansam em ser exibidas. 
Arrebentam qualquer outro sentido de pensamento, se espalham, se sobrepõem umas as outras, se roteirizam.

Apodera-se desse gosto amadeirado, como se desconhece que ele é de muitos, que ele é anterior a si; que, há séculos, homens por ele travam impasses, gastam vidas, vão além. 
Apodera-se dele, por ele, através dele. 
Passa então a consumir tudo que é mais seu nos transitáveis mundos, insaciavelmente. 
Mas não pela simples nostalgia, não pela imersão em alguma tentativa de retorno ao ser de antes... não não. 
É porque se entende no tempo agora.
 É porque ser ela mesma ilumina o que a circunda e pincela de dourado seu rosto e os outros. 
Ser ela mesma é o único entendimento que a faz caminhar.


quinta-feira, 26 de outubro de 2017

de Sabrina Telles

Um Samba-Convite

Eu quero que venha,
colocando espelho frente a espelho,
trazendo a infinitude que é você
venha
amando todas as raízes e folhas
sem promessas e sem definitivas escolhas
venha
sem querer estar em outro lugar
venha
sem lembrar
das outras possibilidades de ter
venha
sem medo de sentir o que não te permite ser
venha
desata nós que não servem mais
venha
abandona os confusos sinais

venha e
descansa viagem nesse cais
e deixa
que eu mergulhe um cado nessas águas,
deixa
os meus pés descalços no seu chão
deixa
que esse vento passe pelo meu rosto
deixa
que me leve então.

domingo, 15 de outubro de 2017

de Sabrina Telles

Mardi, le 20 juin 2017*

Le printemps
Je ne comprenais pas ton absence,
le silence qui te coupe aussi te protège,
je n'y savais pas.

L'hiver

Je suis retournée à plonger
dans mon silence
et à gêner
ton silence
pour que tu n'arrête pas de croire qu'il est réel, 

qu'il est notre vie 
et que je l'adore.

L'automne
Je désire que ton désir soit soutenu
pour que tu n'arrêtes pas de vouloir les plus viscérales sensations
pour que tu sois heureuse.

Aujourd'hui j'y sais
Et c'est tout.


_______
*Rascunho de 20 de junho deste ano, uma terça.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

de Sabrina Telles

uma canção pra ela
                (singela, brasileira)


vem destruindo todas as capas:
chega
chega desaguando por entre os mundos:
inunda
caminhando por entre calles:
passa
passa pelas esquinas,
contornando esquinas,
derrubando muros,
tomando conta de tudo
que nem sabia que era seu,
mas é.

vai ventando quente e denso:
invade
invade a ponto de abraçar meu corpo
e carregar meu corpo
para que eu sinta meu corpo.
toco, vejo, enxergo e ouço:
os verdes
passando pelos verdes,
sacudindo outros verdes.

traz o silêncio que vem como maré e bate
bate tão forte que sobe a espuma d'água e me molha
inteira e entregue e lembro da graça que é ser
antes de tudo, ser,
sem rodeios.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

de Sabrina Telles

Buena Vista (Mírame II)

Las veredas se cerraron sin espacio para salidas
y ni siquiera entradas.
Ya no hay espacio para aquellos que se sientan
y llevan

todo lo que piensan que les pertenece,
todo lo que no está disponible para tramitaciones.
Ya no hay espacio.

Los caminos se abren,
para que pueda llegar y quedarse,
para que vuelva a su propia casa,
para que las nociones de tiempo y espacio se detengan y sean como siempre quisieron ser:
con la calma que hay en el todo que sabe lo que es y vive de lo que es. 


Acomódate... 

Siento su presencia como si fuera mi ahora y mi porvenir
y siento mi cuerpo en todas las vidas:
siento el histórico y el biológico:
los hechos y las células,
las fechas y los tejidos,
las edades y los órganos,
los pasajes,

las eras,
las cadenas,

las guerras.
Y mi presencia se llena.

Yo pido todas las palabras de vuelta para que sean arte,
si yo pudiera escribirlas.
Pero estoy solamente cerca de mí en las últimas lunas
y no soy poeta como otros,
que cogieron su nombre
y lo ubicaron
y lo pintaron
y lo llevaron
a los sonidos, a las casas, a las piedras, hacia adelante...

("Como os invejo
Como os admiro
Eu que te vejo
E nem quase respiro")
Yo pido que sus miedos sean reemplazados por la imagen de mi rostro cuando oigo su voz,
que se transforma en lo más incandescente que sabe ser.


Quedáte.

sábado, 6 de agosto de 2016

por Sabrina Telles

Mírame

Yo te doy estas líneas que llegaron 
para guardar un momento 
que vive ahora 
sólo de la necesidad de no querer más 
las palabras no dichas. 

Quiero los efectos de las palabras 
y de los silencios. 
Quiero el camino que ellos recorren 
cuándo son captados por tus sentidos, 
cuando entran en tus ojos, oídos, boca 
y bucean por tus órganos, 
como van penetrando 
cada membrana 
que separa uno del otro, 
cada músculo, 
cada vena. 
Y vuelve a la superficie. 
(Dime si te causo una revolución...)

Quiero que no se desvanezca 
el rojo que nos une. 
Quiero detener el sonido de tu voz, 
sujetarlo, apretarlo, 
quiero que de mí no se vaya, 
como si se me olvidase por un instante que no es posible olvidarlo, 
como si no me viniera todo el tiempo a la memoria de mi piel. 

(Pero no quiero impedir que vibre, todo lo contrario! 
Quiero que tu voz ocupe cada espacio, 
cada silencio indeseado mio 
y del mundo, 
que invada las calles del mundo.)

Y, sobre el silencio que entra 
por su gana propia, 
quiero que se sienta cómodo, 
que sea agradablemente tan mío como tuyo, 
que sea más grande que nosotras. 
Yo te doy mi silencio.

Quiero que nuestros caminos 
sean de nuestros pasos, 
que nos conduzcamos. 
Quiero que lo que sea nuestro 
de hecho, por derecho y voluntad, 
sea nuestro: 
claro y oscuro, 
sólido y líquido.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

de Sabrina Telles

Soneto (para além)
do Silêncio

Repouso minhas palavras vazias
Não quero que de mim escapem
Nem que os horizontes se esgotem
Protejo as galeanas utopias.

Na ilusão de que o destino caminha
Escondo que há lógica no tempo
Que "cuando" es solamente un intento
E o mundo acreditou que não sabia.

Dependente de olhares e ruídos,
No incompreensível dos sentidos,
Não desejo que as cartas voem.

Em prol de novas vozes sensatas,
Com suas verdades tão refugiadas,
Que nossos silêncios ecoem.

sábado, 30 de janeiro de 2016

por Sabrina Telles

A Expressão do Agora

E, sem pressentir, os meus sentidos se alteraram numa revolução sinestésica em
que se lê pele,
que se ouve o cheiro,
que se toca no som,
que me fez perceber
que o que nos une é algo 
que abandonou as formalidades há tempos atrás.

E, sem ansiar, abri as portas para sua exposição que depende de fatores
que não se explicam,
que não se ordenam,
que não se mostram,
que recolhem palavras durante entreatos descomunais.

E, sem apelar, rendi o corpo para sentir como somos nós
para aliviar nossa sede,
para acalmar nossos pesos,
para matar nossos medos,
para fazer de cada sopro o próprio cais.

E, sem desafiar, deixo que a sinceridade desses olhos tão meus quanto seus
nos navalhe,
nos invada,
nos conheça
se aproprie,
nos liberte 
e mais.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

por Sabrina Telles


Ela: Salvador

Em pensar que existem verbos que me colocam como predicado de seu sujeito já valem a pena gastar essas repetitivas palavras, E leio carta.

Projetam-se, pelas ruas, imagens de sua cor, a cor dessa cidade, e compreendo que não posso as compreender em absoluto, então assisto elas serem. São borrões de tão rápidas, pairam com o vento.

O silêncio de meu corpo vai se completando com cores e vozes, mas logo transbordo. Não entenda como falta de generosidade de meus olhos, é que as imagens da rua são maiores que eu e meu espaço não é tanto.

Mas eu sinto que respira escondido, sinto seu transtorno com o visceral, sinto seu medo da sensibilidade imoderada, sinto sua dor de ser mais do que a beleza das cores que lhe foi dada, sinto sua verdade querendo extravasar, sinto seus seis sentidos pulsando, sua felicidade clandestina, sua insustentável leveza de ser.

A cada linha que se lê, se manifesta outro novo mundo e as verdades em mim elas vão se esvaindo, e lembra* de algo elementar: são todas, todas, todas mutáveis em frações minúsculas de espaço e tempo, a ponto de ser confuso acompanhar, E as aceito.


A cada linha que se lê, se percebe que não nos libertamos da espera pela força que mude o itinerário e grite "1, 2, 3! Salve todos!" e assim aconteça. A bem da verdade é que nos libertamos através disso: é o que pegamos para nos livrar do medo de viver sem (ser) sentido. Resta guardada a esperança** de que essa leitura seja a que me salve.

(Agora, vou me retirar ainda em começo, não posso continuar transparecendo, transpirando...
Deixo pra outro dia.)
_______________________
* Disso já se sabia. Mas não nos culpo por nos esquecermos, em nome da sobrevivência, de lições que já tínhamos aprendido, não. É que é preciso aceitar algumas exatidões pra viver nesse mundo... pra comer e beber e vestir. Só não as deixemos domar o que de melhor e mais instável há em nós.

** Mesmo achando que não devo, fico um pouco escabreada ao usar essa palavra, pois a engrenagem externa diz que é bobagem tê-la em tempos assim como estes. Largo aqui tal pudor e a panho em seu verde.

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