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domingo, 8 de janeiro de 2012

por Sabrina Telles


O virtual, os desejos, as palavras... Do Ar, Sol.

Mesmo que fuja de tudo, que corra o mais longe, vai haver um vazio que me fará querer voltar a mim mesma: acabo cedendo ao que sou. Não que ser - seja lá o que sou - seja algo estático, pelo contrário. É que sempre há uma constante enraizada em algo durável no meio de tantas metamorfoses e revolução. Eu quero tocá-la.

Eu tenho as cartas na mesa, coloquei todas elas, olho pra elas, as reconheço e só. Encaro-as como se tivesse esperando que de súbito fizessem algum movimento e, se eu desviasse o olhar, perderia. Mas nada. Se era para saber, eu sei e, agora, essa clareza, serve? Adianta (ou retarda) alguma coisa? 

Por um tempo cheguei até a pensar que sinto as coisas que sinto só pra arrumar palavras de certa forma, organizá-las, desenvolver ideias. E como eu sinto as próprias palavras mais do que elas são, mais do que eu posso explicar, provavelmente mais do que outros olhos que as leem, achava que eram o meu máximo. 

Mas não posso ser só (isso), então repensei. Também não queria enchê-las com tanta responsabilidade, com tanta obrigação de ser sempre eu. Assim, abandonei de vez a ideia. Eu quero que elas sigam além-mim, que possam mais... eu sei, eu sei... Estou dando mais do que tenho, pois não sei ser mais que eu e, ainda assim, desejo essa liberdade a elas. Ah... isso deve ter algo a ver com o que é amor.

Mas não se enganem. Ainda quero me sentir inteira através delas, ver mais e mais aquela clareza cuja utilidade é desconhecida, e que eu sei que só elas me dão. Eu sei, eu preciso, e, mesmo que eu não quisesse, ainda somos nós.

(Entre lugares, histórias, pedras, estrelas, areia, jardins, linguagens: 
não adianta: 
quando basta uma criança sorri: 
tudo se reconstrói ao seu mais simples. 
E viver se faz tão fácil.)

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