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sexta-feira, 18 de junho de 2010

por Patrícia Soares & Sabrina Telles

" Ainda pensou em voltar para trás, pedir abrigo na aldeia até que o banco de nevoeiro se desfizesse por si mesmo, mas, perdido o sentido de orientação, confundidos os pontos cardeais como se estivesse num qualquer espaço exterior de que nada soubesse, não achou melhor resposta que sentar-se outra vez no chão e esperar que o destino, a casualidade, a sorte, qualquer deles ou todos juntos, trouxessem os abnegados voluntários ao minúsculo palmo de terra em que se encontrava, como uma ilha no mar oceano, sem comunicações. "

José Saramago

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Por Sabrina Telles

Algo sobre chuva, luz
e sensações

Apesar da velocidade com que o vento a anunciou, estou sentindo uma tranquilidade com a chuva que agora cai. E, de repente, tudo escurece. Percebo que, as vezes, a escuridão não amedronta tanto. Na verdade, poucas coisas - não quero dizer nenhuma e depois ter que abrir exceções - eu sinto da mesma forma quando as (re)experimento. É sempre novo. O sentimento é possível que seja o mesmo, mas a sensação metamorfoseia-se. (amo quando lâmpadas são ligadas e não é noite, mas sim chuva.)
Lembro que o azul de antes é mais escuro que o cinza atual. Só que o cinza da chuva escurece as coisas do mundo. E, mesmo que a escuridão esteja agradável, o mundo quer luz. O que o céu derrama é tranquilo, mas É típico de nós humanos transformarmos água em tempestade, como se fosse penoso admitir a tranquilidade do inesperado. A chuva inesperada mudou sensações. Mas não! queremos luz. Se nem toda revolução é caótica, uma mudança de sensação precisa ser? Ah... Ainda assim, sem caos, queremos luz. O tempo fechou ? Não, tá tão lindo. O tempo está sempre aberto, essa chuva é uma das suas. A mais tranquila delas.
(metamorfose)

E? E agora ela deixou que somente a noite escurecesse as coisas. Esqueceu aqui o vento, mas saiu com as nuvens cinzas e com a tranquilidade. Outra boa sensação está surgindo e sabem de uma? Agora já não enxergo mais o que escrevo... Luz! Quero luz!

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