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quarta-feira, 30 de março de 2011

por Sabrina Telles


Intrisecamente
O tempo vai se escoando, virando história,
enquanto
o mundo desespera,  virando drama.
O céu desaba, virando lama.
O som, no ouvido, se derrama.
O choro silencioso
da criança
merece o mundo
que,                          tranquilamente,
descansa.


O Se se tornou o Quando
O Quando formou o Porquê
Porquê não se explica
e cria
a aceleração que nos move
e nos corroe
e nos comove 
e nos                                distancia
de nós mesmos
e de outros
iguais a nós
que esperam sem saber pelo quê
que virou o Como
que desconhece o impossível:
o que antes tinha o limite do desconhecido
se amplia
                                 a cada segundo.
E nada se movimenta,
                                    virando tudo;
E tudo se desfaz, virando aquilo que não devia ser inventado
Ou (o) que só tinha essa mesma forma de ser.


*A imagem: Moscovo I, de Wassily Kandinsky, 1916, óleo sobre tela.

quarta-feira, 23 de março de 2011


...E ainda veremos as estrelas na cidade


Sempre dizemos a nós mesmos que não há nada que possamos fazer, porque a humanidade já nos destruiu e tal. Colocamos a culpa no passado, deixamos a responsabilidade para o futuro. É típico de nós humanos. Esse comodismo absurdo é típico de nós. As vezes, cansa...

Pois então, dessa vez, você pode fazer algo para o PLANETA e no PRESENTE !!!
Chega espanta, né? É a falta de costume...

No dia 26/03, das 20h30min às 21h30min,
 desligue todas as luzes de onde estiver!

Esse é um ato simbólico para traduzir nossa preocupação com o aquecimento global. A campanha já tem o apoio de várias e várias empresas e, no Brasil, algumas capitais, como Curitiba e Palmas, já se comprometeram em desligar as luzes dos seus centros turísticos. Em 2010, mais de um bilhão de pessoas aderiram! Esse ano seremos mais!

quarta-feira, 2 de março de 2011

por Sabrina Telles

Como se o mundo fosse um espelho
(ou Palavras Permitidas II)


Eu tenho palavras porque eu tenho você em mim e não há como deslizar sobre isso fingindo ilusão. E ter palavras talvez seja a única coisa exatamente eu: minha exposição. A imagem que construo, a minha presença, a sua presença. Porque você é a imagem que tenho em mim. Você sou eu. Então tudo sou eu? Como se o mundo fosse um espelho, como se a vontade de ser, enlaçada à necessidade de não se sentir só, criasse o mundo. O que não existe é porque não se tem a necessidade que exista. Não é assim? Acho que tudo foi e que será só se for preciso. Não é assim? Desculpem a filosofia barata que não passa de um joguinho redundante de palavras, mas é o grito interno de Clarice* em mim que se manifesta com essa humilde simplicidade; é porque tudo se externa meio sem controle, sai meio sem compasso, numa desarmonização quase sempre imprevisível. E eu não consigo desistir disso. Se não há o novo, eu repito o antes. É tão vital.
Posso escrever a palavra "vida" todo dia que as respostas em mim se diferenciarão. 
Eu tenho palavras e quando não as reduzo à escrita é porque são tantas que não conseguem se organizar nem aleatoriamente (como agora). Eu existo porque eu as tenho. Felicidade se situa nesse olhar que insiste em não abandonar a ampliação imensurável. Uma liberdade tão palpável que sua ingenuidade quase a descaracteriza. Mas ainda é meu simples modo de estar no mundo, de ver a imagem do mundo. E não me tirem de mim em vocês. Renda-me.


*"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém.
Provavelmente a minha própria vida."

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