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sábado, 25 de janeiro de 2014

por Sabrina Telles

Quando se entende o que te abraça
(ou Palavras Permitidas III)


Feito linhas,
pouco a pouco, se desenovelam,
e vão me rodeando,
sem um sentido conhecido,
aparentando aleatoriedade,
tangenciando minha pele - no limite entre rasgá-la
ou se partirem em incontáveis pedaços
e voltarem ao mundo,
onde o ar é rarefeito,
E pairam,
com uma liberdade indesejada,
à espera, sem procura,
do que as moldem,
de qualquer grito,
qualquer alegria,
qualquer silêncio, de algum olhar.

E,

a cada rasgo,
pouco a pouco, se impregnam,
sem escudos de medo,
com a coragem daquilo que quer
adentrar,
ser absorvido
sem julgamentos,
sem licença,
atravessando capas.
E deflagram o que encontrou impresso em mim,
o por trás do medo,
expondo o sítio
onde tudo pulsa,
e é agudo,
onde se sente sem culpa, sem mágoas,
onde sombras se desfazem,
onde não ser é o ser mais puro que há.

E,
soberanas,
já esquecendo
a intranquilidade do processo,
e se acalentando,
se imiscuindo,
se desfazendo;
confundem-se
com o mais natural fluido vermelho.
Rendo-me.

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