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sábado, 18 de setembro de 2010

por Patrícia Soares
“Anda cá!”
“Toma, leva pra lá”
Copos sobre a pia. Copos que deviam estar no armário; no armário do andar de baixo. Ou não. Talvez o lugar deles seja mesmo aqui. Nessa cozinha. A vontade discorda veementemente. A vontade de não dizer adeus. Inevitável adeus. Mas foi dito. Foi implícito. A falta de olhares. A falta de palavras. Essas talvez se justifiquem por já terem sido ditas em momentos anteriores, momentos de revelações, sentimentalismos, declarações; palavras temperadas com sotaques e neologismos que só a fusão das línguas faz nascer; palavras vividas e sábias que só o imensurável sofrimento ousa proferir.
Risos mascaram frases clichês. Clichês inapropriados e verdadeiros, que deviam ser habituais e corriqueiros, mas que não passam da “personificação” de sustos momentâneos. Apenas para não deixar esquecer o que cobriram com o tempo e agruras. O que duas almas esconderam de si mesmas e uma da outra. Duas almas que talvez nunca se entrelacem. Continuaram somente duas. Cada uma com as marcas das gotas que já foram derramadas... Que são... e que ainda serão.

"Tchau.”

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