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sábado, 27 de novembro de 2010

por Sabrina Telles

Através de um Espelho que não é a televisão

E, então, você se encontra com você mesma e é tudo diferente. O mundo coloca-se distante e o que importa é você. Não um egocentrismo desmedido, mas uma introspecção que venta e é tranquila. O mundo se revela tão confuso, tão revirado, a felicidade tão clandestina; e você, apesar de completamente inserida nele, consegue se encontrar intacta um momento, com um certo embaraço por estar bem.
Parece que tudo que é prazeroso se torna, de vários ângulos, egoísta. Assim, o que antes parecia amplo como se tudo fosse alcançavel, como se tudo pudesse ser tocado (e modelado), atomiza-se. Um único modo é o saudável e ele não nos espera.
Vejo que a questão agora é o permitir que outros não restrinjam sua permissão pra que você mesmo faça com que tudo valha a pena.
(Ó, mundo! Por que não podemos ser? Ser é tão bom!)
Nossa felicidade imprime restrições a felicidades alheias? Talvez sempre. Mas nem sempre a não liberdade é prejudicial. E se por um momento não nos importássemos com os prejuízos a terceiros e apenas com o agora, o estar? E se a felicidade particular se tornasse lícita para nossa própria consciência? E se o conceito de Utopia fosse, por ora, desprezado ou, ao menos, relativizado?
Encontre-se mais, se identifique mais nas coisas. Escrevo isso para que eu absorva, Para que eu me veja por um espelho antes de que por uma televisão.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

por Sabrina Telles
Peço Licença poética, é Questão de Consciência

Algumas pessoas apostaram que leriam algumas palavras sobre a Consciência Negra, aqui, essa semana. Sabe que eu não senti o dia 20 de novembro como antes? Foi um sábado tranquilo. Parei pra pensar... Queria entender minha emoção e minha vergonha com o Estatuto da Igualdade Racial, queria continuar. Sinto a força de movimentos sociais que finalmente se manisfesta em algo concreto, algo palpável: em palavras. Mas não eram essas que queria ler. Ou são essas mesmo?

A vergonha (sim, existe uma) é KANTiana. Ele acharia um absurdo escrever um conjunto legal, porque pessoas julgam umas às outras pela cor da pele. (Na verdade, pela história que a cor da pele traz). Não é racionalmente aceito, não é inteligível. O imperatismo categórico ridicularizaria isso. E o problema não é jurídico, é moral. Quem sou eu pra falar de consciência, de moral?

É... também me pergunto. Mas é questão é, inegavelmente, moral. E não serão leis que ditarão o que pensar (o caminho é quase sempre inverso). O problema, como já é sabido, é de Consciência. Consciência branca, laranja, rosa, vermelha, roxa, lilás, violeta, verde-amarela, Consciência Negra.

Como nem toda enfermidade tem cura: a gente trata com o que nossas mãos alcançarem pra viver melhor. Encontramos uma forma de tratamento? Devo ficar mais contente? Perdoem-me por sentir ainda uma vergonhazinha.

- Licença, viu?
- Vá, Permita-se!
- Obrigada.

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