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sábado, 27 de novembro de 2010

por Sabrina Telles

Através de um Espelho que não é a televisão

E, então, você se encontra com você mesma e é tudo diferente. O mundo coloca-se distante e o que importa é você. Não um egocentrismo desmedido, mas uma introspecção que venta e é tranquila. O mundo se revela tão confuso, tão revirado, a felicidade tão clandestina; e você, apesar de completamente inserida nele, consegue se encontrar intacta um momento, com um certo embaraço por estar bem.
Parece que tudo que é prazeroso se torna, de vários ângulos, egoísta. Assim, o que antes parecia amplo como se tudo fosse alcançavel, como se tudo pudesse ser tocado (e modelado), atomiza-se. Um único modo é o saudável e ele não nos espera.
Vejo que a questão agora é o permitir que outros não restrinjam sua permissão pra que você mesmo faça com que tudo valha a pena.
(Ó, mundo! Por que não podemos ser? Ser é tão bom!)
Nossa felicidade imprime restrições a felicidades alheias? Talvez sempre. Mas nem sempre a não liberdade é prejudicial. E se por um momento não nos importássemos com os prejuízos a terceiros e apenas com o agora, o estar? E se a felicidade particular se tornasse lícita para nossa própria consciência? E se o conceito de Utopia fosse, por ora, desprezado ou, ao menos, relativizado?
Encontre-se mais, se identifique mais nas coisas. Escrevo isso para que eu absorva, Para que eu me veja por um espelho antes de que por uma televisão.

4 comentários:

  1. Ser é mesmo muito bom! Esse sentimento de que a felicidade particular é algo egoísta e até mesmo ilícito é conveniente. Não pra cada um de nós, mas para o todo. Também não o defendo, apenas o cito como um fato. Não há quem já não tenha se sentido assim: envergonhado por estar mais feliz que o outro. Eu já, e muito. Mas aprendi que ser feliz deve estar além do conceito de clandestinidade. Não digo que VIVO, mas, por enquanto, vou TENTANDO VIVER "para que eu me veja por um espelho antes que por uma televisão". Tenho muito o que aprender ainda. Todos nós.

    Patrícia

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  2. Ai, amiga...
    "Viver", "tentar viver" e "ter muito que aprender" no fim (e durante) das contas é tudo sinônimo, dá tudo no mesmo, mesmo. Precisamos é nos recriar. Sempre. Pelas razões mais sinceras. E, antes de tudo, (olhar-nos) por um espelho. Todos nós.


    Sabrina

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  3. "E no fim é só você contra você mesmo."

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