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terça-feira, 20 de agosto de 2013

por Sabrina Telles

Variações de azul-petróleo

O ciano permitiu que o grande rasgo apitangado se abrisse, se espalhasse, criando um rastro horizontal, e atrasasse sua sincronização com a água que apenas espera
.
Espera escurecer para escurecer e encontrar... 
E se encontrar.

Terminando o gosto do dia com um feixe de luz no rosto que marca, na parede, perfis cinzas e tranquilos. O vento translada o azul ao atravessar a janela e todos os móveis e livros, mais uma vez, se (re)matizam.

Diminui a pureza espectral relativa da própria luz, que pousa em tudo, que chega a você; Pois, Quando eu te vejo, 
até o verde se azula.

E os objetos conseguem todos ser tão condescendentes, como se não pudessem existir estampados de nenhuma outra forma,  como se estivesse onde sempre deveria estar, como se fosse destino incontroverso o repousar do vento em si
da luz, do azul do mundo em si.



(Lembra agora de uma lógica sensível de infância: eu vejo apenas as cores que vejo, e não sei se são do mesmo jeito que as suas. Talvez nossas cores preferidas apareçam para gente da mesma forma, talvez sejam as mesmas, mas nunca saberemos. Posso lhe emprestar meus olhos? Deixa eu olhar o mundo com os seus?)

Sente ao redor com tanto contraste que tenta admitir que as imagens saíram de sonhos acordados e não consegue: Pensa que ainda dorme. 
Todas as vontades explícitas, deitadas em pele,
e não acredita: Pensa que ainda dorme.


Poesia é onda, é partícula. Não hesita em sensibilizar os olhos nus.

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