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quarta-feira, 13 de julho de 2011

por Sabrina Telles

Único compromisso: sentir

O vento atravessa  a moldura envidraçada no meio da parede amarela. Quando apenas o reconhecer - sem mais -, estará assegurado que não existiu saudade. Mas não dá... quando lembram da sua existência, os olhos parecem um letreiro verde, numa rua toda escura, piscando e marcando o caminho. Basta a lembrança...

O céu tem uma mancha horizontal meio rosa, meio laranja, meio sem jeito, meio sem forma. Acho que estavam pintando de uma altura e deixaram o pincel cair no azul. Ficou lindo esse improviso escorregado, pensou. Mas logo voltou a lembrar de si, lembrar de todas as coisas inegáveis que tenta disfarçar.

A vontade é de não se perder no medo de não conseguir mais ser completamente. E, por isso, continua negando como se palavras fossem recados pela sua forma e não matéria. Porque literalmente não dizia, não se traduzia essencialmente de forma sincera nem a ela mesma.

É um jogo bem desnecessário esse... confessemos. Mas é assim, mesmo... nem sempre nos dizemos a verdade. Sinceramente, não precisamos do compromisso com a verdade todo dia, não. Não se preocupe, eu nos permito essa digressão por um momento.

Só os olhos não conseguem se desviar. Só eles se traduzem sábios, independentemente, feito poesia. Os meus são incontroláveis, amam com tanto exagero que quase cansa.  Os olhos são aviso, são letreiro, não lembram de fingir.

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