por Sabrina Telles
Respirar e inspirar-se
(ao som do Songs In A Minor)
Olhar é o que há de mais incrível. Sentir através de olhos que são os nossos, mas estão em outros. E me transporto como se pudesse estar respirando daquele corpo e, em segundos, vivo toda sua história: Suas dores, suas delícias, suas verdades. Em um processo criativo instantâneo, experimento cada todo e sigo atravessando o olhar com as ruas.
Ouço o ar.
E vem a vontade de imprimir em mim a marca de tudo, gastar meu eu um pouco pra sobrar espaço pra algo maior. Uma fome incontrolável de absorver, de internalizar, de ser tudo que olho.
Respiro os passos.
O que restou já era suficiente, mas me redimensionei e, diante do que vejo, sou tão pequena. Surge então a vontade mais profunda de mudar por simplesmente não querer mais o que sou, nem o que doo. Sou eu, o mundo e as possibilidades de ser. Tudo é inspiração. Quero ser enorme. Quero que tudo que vejo seja eu.
E continuo andando.
Ah, se eu pudesse eu olharia e simplesmente olharia o resto dos tempos.