Sobre eu mesma outra pessoa
O que estava por perto se contaminou pelo mesmo ar volátil de superioridade. E, diferente da regra, se evaporou voltando ao antes. Antes não é a inferioridade. Antes é a não vontade de ser mais, de expansão, é o não sentimento de ebulição, é o não dramático. Não havia nada que se condensasse quando era antes, não havia nada que se expandisse. Não havia guia, não segurava as próprias rédeas, o mundo era de outro. Alguém que assistia conduzia da forma mais conveniente; alguém que escrevia monopolizava o roteiro. E assim se encontrava sem montaria e sem palavras; sendo outra. Não era toda, era apenas uma parte.
E, agora, o que é se orgulha de o ser. (O ar não tem mais a superioridade volátil, que às vezes contaminava, nem é mais como era antes). Agora percebe-se com um novo olhar para que não haja espanto quanto às próprias formas de agir, para que as próprias sensações não sejam tão asssutadoras. Ao mesmo tempo, há uma tentativa persistente de valorizar o surpreendente. Sente-se inteira para que possa sentir a tudo sem máscaras, sem restrições inúteis. As possibilidades são novas possibilidades que se ramificam em mais e mais possibilidades. (Mas isso é bom? Talvez... o que acha? Eu acho que sim. Pelo menos, é útil à felicidade. Então deixa assim mesmo.)
E depois? Depois, haverá o mundo rendido aos pés. O alcance será do mesmo tamanho da experiência, da quantidade de coisas vividas: um livo de memórias com crônicas e novelas e contos escrito pelas próprias mãos e pelos próprios olhos. Depois, o retorno será inevitável e se romperá a própria compreensão de que a história é o passado, porque o instantâneo e a vida serão cúmplices. Sentirá o prazer de ter sempre existido da forma como existiu, como se renovou, como se debruçou sobre seu eu. Depois será tudo em si mesma e perceberá que assim sempre foi, e, simplesmente, não sabia.