Cíclica
(de repente, sempre volto)
É a minha inércia que me incomoda.
Não é possível que uma alteração em minha trajetória seja possível somente por meio de algo exterior. Logo eu que sempre achei que a introspecção fosse o caminho. Pensando bem... acho que ainda nos entendemos assim... Então não é isso que deve ser alterado. Nós somos o que queremos ser dentro do limite do possível é umas das contradições mais dolorosas que tenho que admitir a validade, que tenho que aceitar como única forma. E ela é simplesmente injusta. Ela é injusta como perder o que não se teve porque sonhara demais, porque queria demais, porque a idealização não se sensibilizou.
Não posso excluir você de mim.
O medo da vulnerabilidade pela entrega total ainda se faz presente. Sensação persistente essa: não se desprende, não me liberta. E, nesse momento, eu nem acredito que estou ignorando a perspectiva das palavras anteriores, a liberdade de me perder desalinhada em busca de outros nós. Não é possível! Sou mais cíclica do que pensava. Vou me receitar um pouco menos de mim.
Sem romantismo, nem realismo, nem modernismo, nem nada.
Apenas anular minha invariabilidade. Talvez assim até consiga mudar o sentido dessa trajetória. Sou mais cíclica do que pensava. Não posso olhar os capítulos de minha memórias sendo escritos por outras pessoas, E ainda usando os meus personagens. Sinto que eles estão vaporizando em minhas mãos.
Ser narração e ser leitura.
Não posso me comportar mecanicamente dentro do dinamismo do mundo, como se fosse um objeto perdido entre sua real utilidade e sua consciente existência. Vou, mais uma vez, me reescrever. Eu devia me mudar e voltar a morar no sentimento de liberdade de antes e aceitar que de mim você não sairá com facilidade e abstrair minha inércia cíclica, me colocando em inconstância e em imprevisibilidade. Tudo isso já foi dito antes, isso tudo já foi sentido. Sou mais cíclica do que pensava.
Mente e corpo preciso da necessidade de ser (uma nova) eu.