Através de um Espelho que não é a televisão
E, então, você se encontra com você mesma e é tudo diferente. O mundo coloca-se distante e o que importa é você. Não um egocentrismo desmedido, mas uma introspecção que venta e é tranquila. O mundo se revela tão confuso, tão revirado, a felicidade tão clandestina; e você, apesar de completamente inserida nele, consegue se encontrar intacta um momento, com um certo embaraço por estar bem.
Parece que tudo que é prazeroso se torna, de vários ângulos, egoísta. Assim, o que antes parecia amplo como se tudo fosse alcançavel, como se tudo pudesse ser tocado (e modelado), atomiza-se. Um único modo é o saudável e ele não nos espera.
Vejo que a questão agora é o permitir que outros não restrinjam sua permissão pra que você mesmo faça com que tudo valha a pena.
(Ó, mundo! Por que não podemos ser? Ser é tão bom!)
Nossa felicidade imprime restrições a felicidades alheias? Talvez sempre. Mas nem sempre a não liberdade é prejudicial. E se por um momento não nos importássemos com os prejuízos a terceiros e apenas com o agora, o estar? E se a felicidade particular se tornasse lícita para nossa própria consciência? E se o conceito de Utopia fosse, por ora, desprezado ou, ao menos, relativizado?
Encontre-se mais, se identifique mais nas coisas. Escrevo isso para que eu absorva, Para que eu me veja por um espelho antes de que por uma televisão.