por Sabrina Telles
Momento bobo de vírgulas e interrogações
que não posso ignorar
que não posso ignorar
Dois dias e meio atrás, como se fosse díficil pertencer a meu próprio corpo, eu flutuava passo a passo de volta pra casa, em um estado pós Clarice de existir, em que até do tempo já tinha perdido a noção, só sabia que era noite e que era eu. Quando passei como uma a mais no meio de todos os outros uns a mais, ligeiramente com fome, carregando o peso do jeans, distraída em pensamentos, meus pés se retardaram... os ruídos se calaram... as cores se vangoghizaram...
Você, sentado, calado, encostado na janela do carro, eu vi o cansaço. Era mesmo você? Eu passei sem poder ter certeza, sem poder impedir que me reconhecesse, sem poder evitar minha vulnerabilidade, já fazia tanto tempo que tinha te esquecido em mim, mas estava lá e eu sabia. Era mesmo você? Talvez, a anestesia de ter lido certas palavras certas tenha te inventado em alguns segundos. Talvez, simplesmente, a necessidade de me ver através de olhos que não são meus tenha me emprestado um objeto pra direcionar minhas sensações naqueles segundos, que eram tão enormes que não cabiam em mim. A verdade é que, mesmo com a distância, mesmo sem tanta intensidade mais, nunca consegui apagar suas reticências. Era mesmo você?
Você, sentado, calado, encostado na janela do carro, eu vi o cansaço. Era mesmo você? Eu passei sem poder ter certeza, sem poder impedir que me reconhecesse, sem poder evitar minha vulnerabilidade, já fazia tanto tempo que tinha te esquecido em mim, mas estava lá e eu sabia. Era mesmo você? Talvez, a anestesia de ter lido certas palavras certas tenha te inventado em alguns segundos. Talvez, simplesmente, a necessidade de me ver através de olhos que não são meus tenha me emprestado um objeto pra direcionar minhas sensações naqueles segundos, que eram tão enormes que não cabiam em mim. A verdade é que, mesmo com a distância, mesmo sem tanta intensidade mais, nunca consegui apagar suas reticências. Era mesmo você?