por Sabrina Telles
Palavras para que não se criem teias de aranhas
Sempre que me exponho em palavras é quando algo me inquieta profundamente. Fiquei esse tempo sem me mostrar porque nada me inquietava com tanta intensidade. Quando aí, a falta de inquietação começou a inquietar. Quase um alívio...
O Tempo tem envelhecido enquanto cresço. Penso agora em um por-do-sol perfeito pra que palavras caiam; mas, do céu com o mar, só choro e agito. Não estão tão em paz quanto eu, não. Exalo minha alegria em paz, em latu sensu. Mas há espaços para algumas inquietações que formam minhas palavras permitidas. Afinal, é preciso existir.
Lembro de uma amiga agora. Inevitalmente, rindo. Essas palavras ela não vai usar. Não a define como outras. Ela é assim: seu essencial está muito além do simplesmente inevitável. E nem inevitável isto é. Essas palavras estão sendo justificadas pela falta de palavras. Não quero abandonar o Verbo - nem a palavra, nem a ação - por isso que me expresso. E pela alegria de estar podendo escrever sem palavras. E pela própria alegria de existir.
Existo, logo escrevo...