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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

por Sabrina Telles
no meu silêncio

(da minha janela em 08.10.09)

Encontro-me ansiosa para escrever, não tenho nada em mente. Não penso em nada que eu considere interessante agora. A tarde está quente como se o sol catártico atingisse as pessoas que andam pela rua. O sol incide com uma vontade de expressar-se em tudo. Asfalto, carros, pensamentos: "Sintam-me". Mas o dia está quieto, exceto pelo rádio que canta músicas aleatórias e, volta e meia, anuncia algo novo. Talvez não o dia, mas eu. Estou em silêncio e amando.
Confesso que aprendi a ter uma paixão avassaladora pelo silêncio. Terminei "No teu deserto" do Miguel de Sousa Tavares. Como escreve como eu amo. E não fiz mais nada. Já estava em silêncio, Miguel tirou os meus pés do chão e o sol desta tarde ofuscou até minhas palavras.
Daqui a pouco, o sol irá se pôr e eu não estou preparada. Ultimamente, as despedidas tem me comovido mais que o normalmente esperado. A noite me amedronta um pouco. Ela traz consigo os pensamentos e as palavras que o sol havia ofuscado. Para esses, eu, definitivamente, não estou preparada. E a lua parece saber disso e se põe a me pirraçar. Tenho que aguentar a melancolia pirracenta da lua!
Agradeço aqui às estrelas. Ainda não sei como a lua não conseguiu convencê-las a se calarem, pois eu as ouço. As estrelas dizem tanto que não preciso dos meus pensamentos. Elas são autossuficientes no processo de comunicação, com elas permaneço em silêncio e simplesmente ouço. Meu amado silêncio, sereno e tranquilo, a me proteger (da lua).

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