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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

por Sabrina Telles
Devaneios, inquietações

O sol ainda está quente, mas não mais ofusca pensamentos.
Encontro-me com todos as sensações, todos os sentimentos, todos os gestos.
Não sinto nada.
Sinto tanto tudo que chego ao nada, da mesma forma que todas as frequências visíveis do espectro óptico formam a cor branca.
É incontrolável.
Saber qual o próximo passo não significa mais ter condições para fazê-lo, mesmo que saibamos exatamente como.
E existem outras questões.
Por que existem outras questões?
"Sabe lá, sabe lá; o que não ter e ter que ter pra dar; sabe lá"
Nem sempre nos permitem permitir.
That's (must be) the question!
Sabe aquela letra de música que você me pedira? Eu já a tenho.
Eu tenho essa e outra, mas não tenho mais sua presença.
Saudade? Sinto... de você... mas só de vez em quando.
Sinto muito mais saudade de mim mesma.
Permaneço no meu silêncio, mas este já começa a incomodar um pouco, sabe?
Nem me lembro a última vez que gritei.
Não que apenas me construo no grito. Longe disso!
É que gritar é bom.
- Sabrina, não acelere muito, não, viu?
Você sentirá o vento tocar intensamente, contudo verá somente borrões coloridos.
Sinto falta de mim mesma, e espero-me.
Espero meu momento, meu tempo.
Não tenho pressa: paciência aprendi a ter foi na agonia.

"Não se afobe, não que nada é pra já; o amor não tem pressa; ele pode esperar em silêncio.."

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

por Sabrina Telles
no meu silêncio

(da minha janela em 08.10.09)

Encontro-me ansiosa para escrever, não tenho nada em mente. Não penso em nada que eu considere interessante agora. A tarde está quente como se o sol catártico atingisse as pessoas que andam pela rua. O sol incide com uma vontade de expressar-se em tudo. Asfalto, carros, pensamentos: "Sintam-me". Mas o dia está quieto, exceto pelo rádio que canta músicas aleatórias e, volta e meia, anuncia algo novo. Talvez não o dia, mas eu. Estou em silêncio e amando.
Confesso que aprendi a ter uma paixão avassaladora pelo silêncio. Terminei "No teu deserto" do Miguel de Sousa Tavares. Como escreve como eu amo. E não fiz mais nada. Já estava em silêncio, Miguel tirou os meus pés do chão e o sol desta tarde ofuscou até minhas palavras.
Daqui a pouco, o sol irá se pôr e eu não estou preparada. Ultimamente, as despedidas tem me comovido mais que o normalmente esperado. A noite me amedronta um pouco. Ela traz consigo os pensamentos e as palavras que o sol havia ofuscado. Para esses, eu, definitivamente, não estou preparada. E a lua parece saber disso e se põe a me pirraçar. Tenho que aguentar a melancolia pirracenta da lua!
Agradeço aqui às estrelas. Ainda não sei como a lua não conseguiu convencê-las a se calarem, pois eu as ouço. As estrelas dizem tanto que não preciso dos meus pensamentos. Elas são autossuficientes no processo de comunicação, com elas permaneço em silêncio e simplesmente ouço. Meu amado silêncio, sereno e tranquilo, a me proteger (da lua).

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