de Sabrina Telles
Penso novamente nas tentativas de entender tempo e espaço que vão se dissolvendo com o decorrer do tempo e o trânsito entre espaços. Penso em como se desenhou essa história de que várias histórias nossas têm se repetido sem reciclagem, como se já não fôssemos outras,
Sobre essências
(De setembro de 2018 a fevereiro de 2019)
Não sei se já nomearam alguma vez e muito menos como o fizeram...
Cada vento que passa deixa se escapar em perfumes trazendo consigo segundos de suas pessoas, de seus espaços, de suas cores. Uma condição de memória incontrolável que me acompanha desde que recolho essa percepção olfativa, que cria todo um universo de possibilidades de sentir o passado, dando fuga a momentos que eu nem sabia que guardava tão bem, se tornando o elemento que traz mais vultos de nostalgia ao cotidiano, chega beira o absurdo.
E, em tempos como estes, nostalgia é coisa que não me abandona.
Nostalgia é coisa que não abandona essas terras
em tempos como estes.
Penso novamente nas tentativas de entender tempo e espaço que vão se dissolvendo com o decorrer do tempo e o trânsito entre espaços. Penso em como se desenhou essa história de que várias histórias nossas têm se repetido sem reciclagem, como se já não fôssemos outras,
como se não tivéssemos tentado evitar resgates.
"Será que vamos ter de responder pelos erros a mais, eu e você?"
Penso em como,
quando chega,
sua presença recompõe minha presença parecendo que ela é de peças que estavam apenas postas em lugares distintos e que,
agora,
desse jeito que arruma,
fizesse mais sentido estar
na sala onde está
e no mundo.
"A tua presença desintegra e atualiza a minha presença".
E assim fico: revisitada, remontada, reescrita.
E assim fica tudo que vejo: revisitado, remontado, reescrito.
"Será que vamos ter de responder pelos erros a mais, eu e você?"
Eu trago hoje coisas que sempre escaparam das minhas mãos...
"O que será que me dá? Que brota à flor da pele, será que me dá?"
Não sei se saberia tê-las de volta, deixá-las palpáveis, não sei traduzi-las. Da mesma forma também assim o somos: interno e externo são impossíveis de abarcar, de abraçar; temos o infinito em nós, assim como o tem os céus. E nele eu me apego para que o que construímos não nos venha com a obrigação do eterno; que não nos pegue pela vaidade de sermos tudo até que não sejamos nada; para que as pessoas que cheguem frágil se vão, deixando apenas vestígios; para que o que fique não nos limite, não nos conduza aos mesmos ciclos; para que tenhamos nós, para que sejamos nós;
para que o silêncio seja escolha, seja retiro, não seja a única forma.
para que o silêncio seja escolha, seja retiro, não seja a única forma.
"Na tudu pásu ki bu da, m-sta lapidu na bo".
Penso em como,
quando chega,
sua presença recompõe minha presença parecendo que ela é de peças que estavam apenas postas em lugares distintos e que,
agora,
desse jeito que arruma,
fizesse mais sentido estar
na sala onde está
e no mundo.
"A tua presença desintegra e atualiza a minha presença".
E assim fico: revisitada, remontada, reescrita.
E assim fica tudo que vejo: revisitado, remontado, reescrito.
(O mundo que escuto desde as janelas possui sua própria alegria triste que tem aquilo que apenas desvia do erro,
que não é livre mas pode ser conduzido:
como um maquinista que deve saber parar quando outros o cruzam,
mas que não pode sair dos trilhos.
Conheço ele pelo cheiro.)