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sábado, 17 de novembro de 2012

por Sabrina Telles

Inversos

Pois se esqueceu que o mundo e as pessoas não podem ser reduzidos em um único abraço, se viu inteiramente com os pés fora do chão. 

Não pode se conter: Inspira dualidade, em instantes espaçados, experimenta transgressão e sai - com uma noção descaracterizada, meio sem fé. Vez e quando, se repete e segue depositando os momentos em outros e adiando o dito certo e criando peças de alguma coisa que é montável, mas que não se encaixam.

Mas as sobras de ser, que pensa que existem, conseguem fazer dos passos um entrelaçado com qualquer tipo de passado, se intimidando - tanto pelos próprios passos que se julgam antes maiores, quanto pelas marcas deixadas que se amoldaram tão tangentes que parecem definitivas. E o cansaço, que cada coisa que toma um espaço seu lhe atribui, é o que se faz completar de forma atropelada o incompreensível.

Quando vê cada coisa ser mais crua do que criam aos nossos olhos, que tudo pulsa controlando sua própria forma, preservando o que lhes individualiza: É inverso: tocar o céu tem forma tão simples como água, de matéria tão natural que não se percebe, não se pensa. É que, quando se vem inteiro, e não se percebe, se voa: É sentidos.

Mas não se foge do que é seu, nesse mundo, não mais segue pensando ser possível excluir pedaços de memória como se a consciência de si lhe desse esse tipo de liberdade: É inverso: o esforço faz se impregnar com vontades e versos e verdades e se veste do que não parece mais necessário - com o poder visceral que tem tudo que é sutil.

É o único conjunto de sentir conhecido. E se entrega, com suas letras e músicas, todo seus verdes e azuis, ao irremediável aceitar-se: "...porque és o avesso do avesso do avesso do avesso".


P.S. Arte é fazer o mais do que necessário ser também extremamente necessário: 
razão e efeito: Incandesce.

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