por Sabrina Telles
I. Do vento ao sólido
(Eu)
As ideias não se sustentam mais, querem a segurança do que é sólido, querem o que só age: não é possível contentar-se de contente.
I. Do vento ao sólido
(Eu)
As ideias não se sustentam mais, querem a segurança do que é sólido, querem o que só age: não é possível contentar-se de contente.
Chega então a sensação de que eu voltei para o que sou. E agora dura mais intensamente a cada instante, sem a pressa de não cumprir seja lá qual for o seu destino.
Cheguei ao ponto de quando eu estava com a leveza de quem cumpriu decisões certas, e sentia o sol da tarde sem incômodos, como se a vida fosse vento nos olhos fechados; Onde a dor não pode ser a única coisa que me leva a escrever.
E eu revivo, durante meus passos, sensações que são minhas, que ficaram guardadas em algum espaço delineado e que agora desmanchou suas linhas e as deixa voar aleatoriamente. E vão aparecendo a todo instante com suas temperaturas e nuanças, explodem em curtas, com toda força de ser como são. Eu só lembro que ficaram, não lembro de onde vieram, nem quando vieram, e apenas sei que voltam ao ar da mesma forma fugaz que vieram.
Ainda que me preencha por completo, eu não caibo em mim. Até o vento se solidifica e, com leveza, me carrega por entre prédios e automóveis e luzes do trânsito e o medo não me impede. Sou maior que o próprio amor.
II. Do sólido ao líquido
(Você)
Hoje eu lhe entendo ainda mais do que se possa calcular, numa confiança tão despropositada quanto admitir o incondicional. Mas não (te) aceito. Eu sei quem você se faz, mas eu não reconheço mais o seu gosto, que você existe. Está muito longe aqui dentro, e não é tranquilo.
Felicidade não se finge construindo chãos e tetos tão frágeis, você devia saber. Essa incompatibilidade entre o pensar e o agir tecida como se essa relação fosse facilmente deslaçada pertence a outro mundo. Mergulhou nele pensando que seria mais fácil, não foi? Agora felicidade é mais.
Cheguei ao ponto de quando eu estava com a leveza de quem cumpriu decisões certas, e sentia o sol da tarde sem incômodos, como se a vida fosse vento nos olhos fechados; Onde a dor não pode ser a única coisa que me leva a escrever.
E eu revivo, durante meus passos, sensações que são minhas, que ficaram guardadas em algum espaço delineado e que agora desmanchou suas linhas e as deixa voar aleatoriamente. E vão aparecendo a todo instante com suas temperaturas e nuanças, explodem em curtas, com toda força de ser como são. Eu só lembro que ficaram, não lembro de onde vieram, nem quando vieram, e apenas sei que voltam ao ar da mesma forma fugaz que vieram.
Ainda que me preencha por completo, eu não caibo em mim. Até o vento se solidifica e, com leveza, me carrega por entre prédios e automóveis e luzes do trânsito e o medo não me impede. Sou maior que o próprio amor.
II. Do sólido ao líquido
(Você)
Hoje eu lhe entendo ainda mais do que se possa calcular, numa confiança tão despropositada quanto admitir o incondicional. Mas não (te) aceito. Eu sei quem você se faz, mas eu não reconheço mais o seu gosto, que você existe. Está muito longe aqui dentro, e não é tranquilo.
Felicidade não se finge construindo chãos e tetos tão frágeis, você devia saber. Essa incompatibilidade entre o pensar e o agir tecida como se essa relação fosse facilmente deslaçada pertence a outro mundo. Mergulhou nele pensando que seria mais fácil, não foi? Agora felicidade é mais.
Nessa imprevisibilidade de como pensam que seus atos se formam, eu queria, às vezes, ter a certeza de que está bem, se tem lembrado de voar. Lembro de você, apesar de não saber se já foi algum dia aquilo que eu conhecia, sem saber se já foi algum dia o que todos os outros conheciam como você. E diria que suas promessas não te revelam, por isso vão e vêm sem se consistir, sem destino, sem compromisso. Tudo é líquido e derrama pelos dedos.
Revele-se.
Comigo tudo flutua ao meu redor é sempre vento. Mais sólido do que antes.