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sábado, 22 de outubro de 2011

por Sabrina Telles

As palavras que tenho hoje

Meus pés estão me ensinando a quebrar o silêncio. Ensinando o que eles estão aprendendo com o experimentar de novos arranjos, de novos desenhos de pedras, com o passar dos dias.
"... Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia."

Enquanto aprendo, não te sinto menos - como pensei que fosse acontecer. A saudade mora na impossibilidade do tempo parar agora e eu não poder te ver, na impossibilidade de que algo se desencontrasse e eu ainda não te conhecesse, mora na melancolia das vozes deste lado que me desconcerta as vezes. (Deste lado, eles falam como se pedissem desculpas sempre. Talvez por terem visto a dificuldade da nossa (re)criação, pensam que nos deve vida. A naturalidade das desculpas e sua coerência têm a mesma proporção, Mas nos tornamos tão sólidos no fim das contas que elas são quase desnecessárias.)

Com esse hábito de encontrar causa e efeito pra tudo que se percebe, eu insisto em pensar em porquês de sentir - como se melhorasse as coisas, como se me eximisse de certas responsabilidades.
"... esqueci-me de me deixar lá em casa,
Trouxe comigo o espinho essencial de ser consciente"

Parece que, se se dissolve e se como oxigênio paira, o mundo cabe em mim. E como em poucas vezes eu não quero o mundo, da mesma forma como o rio não pertence ao vento, da mesma forma como você não deveria estar aqui, da mesma forma como o mar não toca o sol, da mesma forma como o cansaço demais não nos permite dormir: com uma certeza que só é certa pra não sofrer com a impossibilidade.

Se sentimentos fossem todos sempre pertinentes, não existiria poesia. Ah! se eu puder sentir além...

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