Sem ter que preferir o quente ou o frio
Estou sentindo o ser e o não-ser com uma intensidade que nunca tinha sido. Nunca foi tão um no outro e nunca foi tão claro vê-los nessa fusão. Percebo não mais a necessidade da escolha entre ser e não ser, mas sim a descoberta de ambos em meio às infinitas possibilidades.
Talvez isso seja clichê pra você, talvez já tenha isso em você a mais tempo; mas, em mim, está se traduzindo agora, como quando procuramos por um tempo, na estante, o livro maior, que está bem no meio, com as letras maiores. Não tinha visto. Simplesmente não vi.
E se fosse possível avançar, ver o livro logo de cara, se fosse possível ouvir o que seria cantado mais tarde? Devo lhe lembrar que nossas previsões estão cada vez mais precisas e nem por isso mudamos. Experimentamos sempre continuar para ver se vai dar naquilo mesmo. E devo dizer mais: quase sempre acertamos e quase sempre ocorre a incansável troca para a segunda ou terceira pessoa, como se a primeira pessoa fosse isenta de toda a responsabilidade: Por que não fizeram nada?
Pois é... Não adianta previsões, esqueça isso, não vai mudar muita coisa, não. Não concretamente. Infelizmente digo que vou continuar prevendo, porque não me excluo de vocês. Nós vamos continuar e continuar seja talvez o único o motivo predefinido da nossa existência.
Não, não estou hasteando a bandeirinha da inércia. Não estou excluindo eu mesma e todo o meu antes. Estou me incluindo em algo maior que eu. Estou apenas vendo finalmente o livro que estava procurando e querem saber? Esse finalmente não é tão válido. Nessa procura, vi outros livros igualmente interessantes. Gostei do que achei, mas também de outros.
Isso não significa que a busca por ele carrega em si tempo perdido, pelo contrário: Agora, percebo os outros, as outras possibilidades. Percebo que ser e não-ser são partes da mesma procura. Agora, vou apenas provando o quente e o frio, as vezes na mesma proporção, as vezes não. Sem pré preferir, sem pré aprovar, sem pré conceitos.