Por Sabrina Telles
E se...? Indiferenciável.
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Se eu me vestisse sempre impecavelmente, você olharia pra mim? Se eu fingisse sempre que tudo está sempre bem, você olharia pra mim? Se eu poupasse os olhares e fosse diretamente aos risinhos desconcertantes, você olharia pra mim? Se eu não falasse sobre sonhos, você olharia pra mim? Se minhas palavras fossem mais previsíveis, você olharia pra mim? Se eu não me desarmasse, revelando-me em angústias e levezas, não compartilhasse tanto, você olharia pra mim? Se eu não pensasse tanto antes de cada atitude, se eu fosse mais eu e menos outros, você olharia pra mim? Se eu frequentasse luzes e sons noturnos, você olharia pra mim? Se eu me pusesse numa vitrine, inerte e perfeita; você olharia pra mim?
Ah, sim! Sem dúvidas. Você gostaria como a outras, eu faria o seu tipo, seria cômoda e confortável pra você. Você olharia! Mas não seria pra mim. Mas eu não permaneceria. Por esse caminho, meu eu há muito já teria se perdido... como se fosse a mais volátil das substâncias; como uma tentativa de agarrar àgua, ignorando sua liquidez; como um papel com algum segredo, alguma senha, alguma chave, algum recado, qualquer coisa escrita que deixou voar sem antes ter sido lido...
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